Quem nunca ouviu falar no bruxinho mais amado do mundo? O menino que sobreviveu. Uma história fantástica criada pela escritora J.K Rowling que libertou e também fez nascer o encanto pelo lúdico nas pessoas do mundo inteiro, independente da faixa etária.
Harry era um bebê órfão que agora só tinha como famÃlia sua tia Petúnia. Então mesmo não sendo uma escolha que desse a ele uma vida repleta de cuidados e amor, era o que ele precisava. Assim, ele foi criado por sua tia, o marido Walter e Duda, seu primo mimado e implicante. A vida não era fácil para ele. Sempre usava as roupas velhas que não serviam mais em seu primo, óculos remendados, sem receber o mÃnimo de atenção. Seu quarto era o armário embaixo da escada. Harry estava conformado que sua vida seria sentir aquele vazio que não sabia de onde vinha e suportar o total descaso da famÃlia.
Porém para seu espanto através de uma carta entregue por uma coruja, ele descobriu que era um bruxo e esta carta na verdade era seu passaporte para a melhor escola de magia e bruxaria de todos o tempo: Hogwarts. A partir dali, Harry foi apresentado à magia e todo o encanto que o mundo bruxo iria lhe proporcionar. Então ele soube, Hogwarts era o seu verdadeiro lar. Foi lá que Harry aprendeu muito mais do que magia. Aprendeu valores sobre amizade, empatia, coragem e respeito. Aprendeu que são as nossas escolhas que importavam e a ter pena dos que vivem sem amor e esse aprendizado foi também absorvido por nós, leitores.
A obra da autora é realmente maravilhosa, acolhedora. Deixa o leitor imerso e completamente envolvido com todo o universo de fantasias, feitiços e elementos mágicos. Porém, um dia parei para pensar no livro por outro prisma.
Todos sabemos que situações tristes e difÃceis de enfrentar podem fazer com que nossa mente crie uma rota de fuga. Viver com pessoas que não dão amor, atenção e tratam você com total descaso, pode ter sido um golpe tão cruel para Harry a ponto de ele precisar criar um mundo onde seria tratado de forma totalmente oposta da sua realidade.
Um mundo onde ele, uma criança marcada pela morte dos pais, teria a missão de eliminar os piores inimigos usando sua magia. Um mundo onde ele teria amigos de verdade, pessoas que se importassem com ele e finalmente Harry se sentiria especial. E se Harry para suportar a vida que tinha, criou esse mundo de fantasia e imaginativo para suportar sua própria vida? É uma possibilidade se Harry sofresse de devaneio excessivo que é uma condição identificada recentemente pelo professor Eliezer Somer da Universidade de Haifa, em Israel.
Ter para onde fugir quando sentia o peso de ser tratado praticamente como um nada, pode ter sido uma saÃda que sua mente achou para viver num mundo onde todas as coisas seriam possÃveis, principalmente ser um menino especial e querido.
Para todos nós é claro, é muito melhor acreditar no que foi proposto pela autora. Para nós ver a magia, os caldeirões, conhecer "A toca", a escola de bruxaria, dragões, bruxos brilhantes e elfos domésticos liberam muito mais serotonina e dopamina do que pensar em um garoto infeliz que tem problemas psicológicos e fantasia situações como forma de escapar da sua dura realidade.
Então, sim. Harry Potter é um bruxo com uma missão importante de derrotar Voldemort, enfrentar dementadores, se tornar amigo de Dobby, o elfo mais fofo do mundo, saber que ele será o mais novo e melhor apanhador da Grifinória de todos os tempos e terá os melhores amigos bruxos Hermione e Rony para sempre. Sim, essa versão pode não ser a verdadeira, mas é a que entrou em nossos corações de forma irremediável! Foi essa magia que nos levou aos cinemas, a comprar os livros e a chorar pelos personagens que partiram. E falando a verdade, quem de nós quer pensar diferente mesmo que seja?
Elaine Natal nasceu em 1967 na cidade do Rio de Janeiro. A escrita sempre esteve presente em sua vida desde seus doze anos. Escrevia despretensiosamente como forma de externar suas intensas experiências. Mãe solteira, candomblecista, foi atendente de padaria, supermercado, vendedora de loja de doce, faxineira até que seguiu a carreira de adestradora de cães que é uma de suas paixões, mas quando se viu acamada, deixou ressurgir a escrita que é igualmente apaixonante para a autora. Depois de escrever cinco Fanfics e perceber que o número de leitores e feedback positivos crescia dia a dia, decidiu deixar fluir todas as palavras em forma de poesia, contos e romances. Hoje tem sesssenta mil leitores na plataforma Wattpad. Suas inspirações maiores são Clarice Lispector, Bruna Lombardi, Hilda Hilst, Conceição Evaristo, Viviane Mosé e Elisa Lucinda. Sua escrita é intensa, urgente e provocativa. Uma amiga descreveu seus textos como "escrevivências", conceito criado pela maravilhosa Conceição Evaristo". Instragram: @elainenatalrj