Lancei meu livro, e agora?
 



Lancei meu livro, e agora?

por Luísa Aranha

Sempre digo que não importa se é o primeiro ou o quadragésimo livro (Tô quase lá, faltam dois!), lançamento é sempre dor de barriga, ansiedade, medo e insegurança. E mesmo sabendo disso, eu sou a primeira a passar mal.

No dia 26/05 lancei a versão impressa de Filhas da Terra, pela Editora Metamorfose. E, tão acostumada a ser sempre sozinha, comecei a divulgar sem falar para a editora a data. Não que tenha sido um problema (só a falta de pessoas importantes que eu gostaria que estivessem lá!), mas foi mais uma lição aprendida.

Sim, no trigésimo oitavo livro ainda estamos aprendendo, porque cada história é uma narrativa diferente, um projeto único (ainda mais no meu caso que escrevo coisas tão variadas) e, principalmente, um contexto emocional.

Lançamentos virtuais, em eventos próprios, coletivos, em feiras ou bienais, cada um têm suas particularidades. A cidade, o público, o seu alcance, sua rede de contatos… Todas essas questões influenciam também e não há receita de bolo para dizer que será ou não sucesso, até porque a régua de sucesso de cada um é diferente. Mas uma coisa é fato: passa o lançamento, assenta a emoção e ninguém sabe muito bem o que fazer.

Se você achou que escrever o livro, lapidar e revisar, revisar, revisar, fosse a parte mais difícil da brincadeira, sinto informar. O trabalho mesmo vem agora. Depois que passou a dor de barriga do lançamento, depois que o turbilhão de sentimentos se aquietou, é que vai ser difícil, se você tiver como meta fazer o seu livro chegar a mais leitores.

A maioria de nós se frustra aqui. Num mercado que valoriza mais o importado, onde livros não passam de cifras na lógica do capitalismo selvagem, onde ainda predomina o elitismo arrogante de poucos homens, velhos e brancos, sentados em cadeiras macias, ditando o que é “bom”, nos sentimos invisíveis. Amigos nem sempre compram seus livros. O primeiro, até se consegue um número expressivo deles, depois… Nossa rede, muitas vezes ainda pequena, não tem alcance. Desistimos.

O pós-lançamento é trabalho de formiguinha: divulgar, encontrar grupos de leitura, cavar espaço com influenciadores e criticas, falar para todo mundo sobre seu livro e sempre que possível, citar ele nas conversas. Vender mais um exemplar. Comemorar cada unidade vendida! Tentar encaixar em pautas coletivas, encontrar espaço para aparecer. A analogia ao parto, por mais clichê que pareça, é perfeita. Porque o trabalho mesmo, vem depois que as crianças nascem. Não tem formula mágica, nem sempre o que funciona com um filho funciona com o outro e não abandonamos a prole por mais noites que passamos sem dormir, por pior que seja o cheiro azedo de leite talhado, por mais garfadas que se leve. Então por que com nossas publicações fazemos diferente?

Quando passar a euforia do lançamento, lembre-se: Agora é a hora de criar essa criança. Amar, alimentar, cuidar, exibir e socializar, para que cresça e conquiste o mundo.

 

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