CarÃssimo Mário,
Acabo de ler seu recente livro Travessia. De fato uma travessia, do Atlântico, da Europa para a América, de um continente consolidado para um onde a maior parte das coisas estava por ser feita. Sim, la vêm Ignácio e Elvira, em um brigue para o Novo Mundo, no inÃcio do século XIX.
A leitura flui bem.
Sabes, até quase o seu final Travessia me lembrou as obras infanto-juvenis de Francisco Marins, que li na infância, e acabei por ler e reler depois de adulto
A novela em um Brasil agreste, onde o chamado homem civilizado precisa conquistar a natureza. O que li dele é ambientado por São Paulo e Mato Grosso. Agora tenho também a tua novela. Com a diferença de ser endereçada ao público adulto. Mas, quem sabe? O universo está criado. Quem sabe a tua imaginação não cria um protagonista jovem trazido criança para a região da colônia de São Leopoldo, onde precisará desbravar a natureza e ter aventuras? E ainda, para se assemelhar mais aos livros de Marins, tua novela é ilustrada.
Sim, porque no teu livro há crimes, lutas, guerras, vingança e até caça ao tesouro. E romance para os adultos.
Mais para o final a história muda, e somos tomados pela surpresa. E há a peste. A mesma peste que BolÃvar Cambará e Luzia enfrentam em Porto Alegre, na história de Érico VerÃssimo, e tantas consequências traz essa peste, na história de Érico, e na tua.
Teu livro de alguma forma torna mais real a história da vila de São Leopoldo e da colonização do Vale do Sinos.