As ideias polÃticas de Platão identificam-se com os princÃpios de Justiça Social, ainda não consolidados, na modernidade. É quase uma utopia os séculos que nos separam de Platão. Testemunham à beira do terceiro milênio, evidências tão reais no tipo do pensamento e de cultura do filósofo ateniense. A verdadeira filosofia do Bem, que segundo Sócrates é algo mais do que uma simples arte, é a concepção herdada por Platão e aplicada na “República”. Tomemos como argumento platônico, o estágio relativo à emancipação das mulheres. Tão atual, como em nossos dias, a propriedade que elucida os movimentos feministas de hoje.
Dizer que a mulher só difere do homem na função sexual, e em todas as demais funções tem a mesma capacidade, apenas com menos vigor, é sustentar a verdade do imortal filósofo, referindo-se ao assunto, em Callipolis. Na Grécia Antiga ou na China dos tempos modernos, a mulher proclama os seus direitos, tão milenares quanto à própria História. A proposta de Platão, na reforma da famÃlia, inclui a participação da mulher na educação e nas ocupações dos homens.
Platão não aponta, propriamente os “direitos” da mulher, mas os “deveres”, tal como a sociedade atual preconiza nos movimentos feministas. O princÃpio de justiça, frente ao Estado, na igualdade das funções, já reguladas por Platão, indica a eficiência do pensamento platônico, em revigorar uma forma de governo, em decadência. Estabelecendo um paralelo com a nossa suposta democracia, igualmente decadente e os ciclos das crises do Estado-Nação nos ocorrem sentimentos idênticos - sinais evidentes implÃcitos na raiz da alma humana.
É óbvio que o Estado idealizado por Platão põe a mulher a serviço do poder, sem a preocupação da continuidade da espécie num plano de vida familiar organizada. Para o autor da “República”, o elemento eugênico da famÃlia é menos importante do que a unidade do Estado. Apenas estabelecemos reflexões entre o sistema platônico exibindo o pensamento e as teorias do mestre sem, entretanto, comprometer a evolução social da modernidade.
Contudo, há um fluxo permanente; movimentos pendulares da História que retomam os caminhos preconizados pelos grandes filósofos da humanidade. Neles, buscam inspiração para forjar mudanças e ancorar ideias. ImprevisÃvel é o equilÃbrio de uma sociedade controlada por forças externas onde existem tantas distinções de classes, privilégios impostos que carregam a marca da corrupção e a decadência moral. O Estado ideal platônico buscava a eficiência com o poder de decisão. Preconizado no século V a.C. este Estado, porém, comprometia pela rigidez a liberdade de uma organização democrática.
Feita uma análise reflexiva do assunto, questiona-se em genial obra, o desejo de um Estado com função definida para o bem comum, sem ser objeto de satisfação para os governantes e as ideias polÃticas moldadas pela desintegração e falência social do poder ateniense. Remonta-se à Longevidade do Tempo e interroga-se: as ideias apregoadas por Platão, não seriam, em parte, à quelas que todos sonhamos?