Com seu talento de contadora de histórias, a psicanalista, contista e poetisa Clarissa Pinkola Estés nos presenteia com uma obra cheia de magia e descobertas, tornando Mulheres que correm com os lobos uma obra rara e indispensável para o autoconhecimento feminino. Ela possui outras obras, mas sem dúvida alguma foi através desta que ficou conhecida.
Em 1992, quando o livro foi lançado, ficou por 145 semanas consecutivas na lista de best-sellers do The New York Times. São mais de 500 páginas, 15 capÃtulos e 19 contos ou lendas de culturas diversas impregnados de histórias de sabedoria, cura e poder.
Ao meu ver este não é um romance, sequer uma novela ou meramente um livro de contos. Me atrevo a dizer que é a bÃblia do feminino e, como bÃblia, não deve ser apenas lido, precisa ser compreendido e internalizado capÃtulo a capÃtulo. É rico em detalhes, nuances e histórias que povoam o universo feminino através dos quais Estés convoca a leitora a se conectar com sua loba interior, com sua sabedoria ancestral.
É um livro complexo, que tem por proposta um olhar aprofundado nos arquétipos, na Mulher Selvagem ou na essência da alma feminina, sua psique instintiva mais profunda. Propõe o resgate desse passado longÃnquo como forma de atingir a libertação das amarras impostas ainda pelo patriarcado.
A cada capÃtulo uma nova história remete à nossa própria história e estimula a nos revisitarmos, deixando aflorar nosso próprio renascimento. É um aprendizado a cada capÃtulo. Valendo-se da sua habilidade com os contos, nos traz elementos da alma feminina serem desvendados, reconhecidos e reintegrados.
O livro, apesar de ter quase três décadas, continua atual, já que o seu propósito de resgatar a liberdade da mulher faz eco hoje, quando movimentos sociais como o feminista continuam buscando a conquista de direitos iguais entre todos.
Assim, essa obra, além de ser um clássico, é leitura obrigatória para se entender o feminino. É um livro pra ser indicado e presenteado para todas as mulheres num convite sincero de que elas também possam fazer sua viagem interna na busca de autoconhecimento e ressignificação da sua própria existência.
Uma obra transformadora.