Recentemente terminei de ler o livro "Como não emagrecer em 40 anos", de Rogério Anele. Trata-se de uma coletânea de crônicas ligadas pela temática da comida, do bem comer, da necessidade de dietas para emagrecer. Crônicas em geral bem humoradas, embora nem sempre. Às vezes o leitor pode esboçar um sorriso amarelo. Diria que seria uma espécie de Luis Fernando VerÃssimo de nicho (se bem que o LFV escreveu um livro sobre gula...).
Este livro também reforçou uma intuição, a de que pessoas com tendência a engordar, de alguma maneira, tem um envolvimento emocional maior com a comida. Vou tentar me esclarecer: eu mesmo estou com sobrepeso, mas a comida para mim é geralmente uma coisa funcional. Eu como porque preciso disso para sobreviver. Não quer dizer que eu não ache algum prato melhor que outro, mas, em geral, como para viver.
Isso fica muito evidente na crônica "Eu Vivo Para Comer", onde o personagem enumera sua série de razões para comer. O personagem come porque comer lhe dá prazer, lhe dá segurança, aplaca a tristeza, lhe serve como ato amoroso, faz a função de rito social, e segue.
Uma peculiaridade do livro é que ele também apresenta esse mundo pequeno-burguês ou de alta classe média, em que uma pessoa pode viajar mensalmente de Porto Alegre a São Paulo para uma consulta com uma nutricionista guru, ou passar vários dias em retiro no interior de Goiás (ou seria de Minas Gerais? Talvez Mato Grosso?) em um retiro para uma readequação alimentar que começa com um jejum quase absoluto.
Enfim, uma leitura que pode ser divertida. Eventualmente pode indicar caminhos para quem sofre com a necessidade do regime.