Há quem diga que o escrever é um ato solitário, outros são da opinião de que a produção escrita é feita de inspirações diárias, de fatos vividos ou observados. Enfim, para alguns escritores ou aspirantes, a escrita pode ser um ato de fácil execução, enquanto outros vivem superando momentos de total falta de “inspiração”, vivendo um quadro de bloqueio de escrita.
A discussão sobre esse tema pode render muitas possibilidades de respostas sobre o porquê do apagão literário. Entretanto, esse apagão, diferente do branco que surge na produção (ou a falta de produção) literária, nem sempre é por conta do não saber escolher um assunto a ser desenvolvido numa prosa ou numa poesia ou por não ter ideias criativas, mas pelo fato do excesso de vazio que surge. Esse excesso de vazio corrói o escritor.
O apagão literário pode ocorrer após uma publicação de um livro muito elogiado – então surge o medo de não corresponder às expectativas dos leitores numa nova publicação – ou pode surgir após um lançamento mal sucedido ou também, após um problema pessoal grave (gerando o estágio: UTI Literário).
Por fim, o pior dos apagões literários não é o não saber o que escrever, mas o não ter vontade de escrever e entre o não saber e o não querer há um enorme corredor hospitalar. O sentimento de grande vazio só não é maior do que o medo imensurável de não mais querer escrever. Esse estágio seria a depressão literária. Como fugir dessa UTI Literária? Não há uma única resposta ou caminho a seguir, mas várias hipóteses ou muitos “achismos”. O que se sabe é que um escritor, que um dia produziu algo relevante para a Literatura, não deve ser esquecido e, acima de tudo, não se deve deixar esquecer. O esquecer de si mesmo é a porta para o coma literário. Salve-se já ou socorra algum escritor.