Todos que gostamos de ler e alimentamos esse hábito perigoso, em geral, nos sentimos bastante atraÃdos pelos preços e vantagens oferecidos pelas grandes redes de livrarias – fÃsicas ou virtuais. Dinheiro é, em geral, recurso escasso cujo uso precisa ser o mais racional possÃvel, certo!? Assim, parece uma decisão muito lógica aproveitar uma promoção da Amazon que vende por R$9,90 um livro que custa entre R$ 40 e R$50 numa livraria de rua.
É claro que eu mesma já fiz isso muitas vezes. Porém, é importante ter consciência que se todos nós fizermos isso sempre, as editoras de pequeno e médio porte, que não tem a menor chance de discutir ou negociar preços justos com essas redes de livraria, acabarão. Isso significa, além de negócios locais quebrando e empregos sumindo, uma tendência ainda maior de se esvaziarem as chances de publicação de autores que não se encaixem no nÃvel de rentabilidade esperado (e necessário) das editoras maiores (as únicas razoavelmente capazes de sobreviver nesse modelo de compras das grandes redes).
Por isso, nós, leitores que prezamos a variedade e a qualidade das publicações, que considerados essa diversidade como uma condição intrÃnseca para que a literatura cumpra seu papel transformador, deverÃamos considerar em nossos hábitos de compra a necessidade de apoiar e comprar direto de editoras e livrarias menores. Em Porto Alegre temos algumas bravas sobreviventes (que não me pediram essa tentativa de propaganda), mas várias já ficaram pelo caminho.
Acredito que precisamos valorizar o empenho de curadoria que normalmente está presente nessas livrarias de resistência, que também costumam ser cenário para realização de eventos que fomentam a leitura e a literatura local.
Posso estar sendo repetitiva e de fato nada original na temática, mas achei importante fazer eco ou tentar amplificar essa questão que tem sido levantada por outras pessoas ligadas ao mundo do livro e que trabalham duro por nossa paixão em comum. Então, fica o convite para que você reveja seus hábitos de compra. Isso não significa que vamos para o inferno por aproveitar as ofertas tentadoras, mas que podemos dividir nossos recursos e apoiar também os negócios locais. A sociedade é (está, ao menos...) de consumo, então o ato da compra é uma das ferramentas poderosas que temos nas mãos para tentar mudar as pequenas parcelas da realidade nas quais podemos influir.