Sem querer, aprendi!
 



Sem querer, aprendi!

por Cláudia de Villar

Aprendemos desde sempre. Aprendemos em muitos espaços e momentos. A escola não é, obrigatoriamente, local único em que ocorre a aprendizagem. Aprendemos errando, individual ou coletivamente. Aprendemos caindo, levantando e lendo. Então aqui há quem pense, mas lemos muito na escola. Logo, a escola é um local nobre de aprendizagem. Sim, a escola é um espaço voltado para o ensino e aprendizagem, mas não é o único e as leituras que ocorrem nas salas de aula não se resumem apenas em leituras didáticas, pedagógicas, dominadoras e exatas. Há espaço para as aprendizagens livres. Livres da obrigação do aprender. Há um mundo à parte de ensinamentos soltos. São os aprendizados que marcam mais a construção do nosso EU.

Entretanto, ainda encontramos professores que insistem em escolher obras voltadas ao ensino formal. Escolhem títulos a fim de acrescentar leitura em seu diário de aula. Querem ensinar. Esquecem que todos nós, ao lermos, inclusive um gibi, estamos aprendendo. Eis aí o mistério da aprendizagem alienada. Aquelas que de repente, sem querer, aprendemos!

Por isso, ainda hoje, por questão histórica vivida em salas de aula, o livro é visto por muitas pessoas como um meio de ensinamento. Não um prazer. Há a obrigatoriedade em aprender algo após uma leitura. Temos a obrigação de “tirar” alguma coisa após uma determinadaleitura. Por quê? Podemos ler para rir, para chorar, para lembrar-se de um avô que partiu, para refletir sobre uma briga com um irmão, para repensar a forma de fazer aquele ensopado, para sonhar! Poder ler livros sobre Páscoa em qualquer época do ano. E por que, não?! Ler sobre a beleza do Natal em junho. Sobre o racismo, o preconceito e as diferenças em janeiro. Por que esperar? Não há data para sorrir e chorar! Ler não é deixar-se congelar em datas comemorativas, ler é aquecer-se com o calor das descobertas inesperadas.

Quando os professores aderirem à prática de incentivo à leitura pelo simples prazer em ler teremos aí uma abertura para a formação de leitores livres e, consequentemente, de repente, aprendizagens mais significativas e menos traumáticas.

 

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