A autêntica concisão da expressão consiste em dizer apenas, em todos os casos, o que é digno de ser dito, com a justa distinção entre o que é necessário e o que é supérfluo, evitando todas as explicações prolixas sobre coisas que qualquer um pode pensar por si mesmo. Em contrapartida, nunca se deve sacrificar à concisão a clareza, muito menos a gramática".A última frase do trecho acima, contudo, indica que suprimir informações importantes para o entendimento da narrativa pode interferir na clareza do texto literário. Percebe-se uma preocupação com a recepção do leitor. Portanto, equilíbrio parece ser a palavra-chave.
"Ser breve e ser conciso são coisas diferentes. (...) Não se pode atrofiar uma narrativa, tampouco espichá-la".Retomando Schopenhauer, o filósofo defende ainda que a erudição seria uma forma de compensar algum tipo de falta. Assim, um texto escrito com a pretensão de ser erudito tende a apresentar floreios, frases longas e adjetivos em demasia.
"(...) sem dúvida, muitos escritores procuram esconder sua pobreza de pensamento justamente sob uma profusão de palavras".E ele vai além comparando a erudição e a prolixidade a um sintoma de mediocridade.
"Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre o sinal inconfundível da mediocridade; em contrapartida, o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras".Em um primeiro momento, talvez as críticas contundentes de Schopenhauer causem desconforto a alguns escritores, mas, certamente, seus escritos podem nos ajudar a refletir sobre como estamos conduzindo a nossa escrita criativa. Será que estamos sendo estrategicamente concisos ou ainda tentamos reproduzir um estilo de escrita dos cânones do século passado? Para quem escrevemos?