De uma maneira mais informal e descontraída, Stephen King, um dos maiores escritores contemporâneos e autor de incontáveis best-sellers, nos presenteia com anos de experiência, buscando auxiliar quem realmente que ser escritor. É uma obra necessária tanto para aspirantes quanto para quem já tem mais experiência com a escrita, um "mapa" para nos guiar como escritores, vale cada momento "gasto" que você não estiver escrevendo.
Em "Sobre a escrita: A arte em memórias", King abre uma janela em sua mente para que possamos conhecer a sua história e seu processo de escrita. A obra é dividida, majoritariamente, entre um recorte autobiográfico, da infância até o início da carreira literária do autor, e os seus valiosíssimos conhecimentos sobre escrita e ser escritor, vindos de alguém que possui tanto a técnica quanto a experiência. Para a ocasião, vamos focar no que nos interessa: a escrita; conselhos gerais e primordiais para aqueles que desejam se tornar escritores.
Primeiro: "As horas gastas falando sobre a escrita são um tempo em que não estamos escrevendo". Com esse "canetaço" de King já podemos fazer uma primeira constatação, óbvia, mas que muitas vezes acaba ficando um tanto quanto borrada na cabeça de aspirantes a escritores. Para ser escritor é preciso escrever! Digo isso porque é tão fácil ficarmos com as ideias na cabeça, morando lá sem previsão de saída, enquanto a folha (de papel, no Google Docs ou Word) continua em branco. Uma pequena palinha de duas coisas imprescindíveis para Stephen, imprescindíveis para quem quer ser escritor.
Por isso o autor busca ser franco e direito em sua obra, quer realmente ajudar com a bagagem que traz consigo. Presta atenção agora, mas não precisa anotar, isso é para ficar gravado na sua mente (isso se você quiser ser um escritor), como se fosse uma informação intrínseca ao seu ser: "Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito".
Na leitura a gente conhece os gêneros e suas especificidades, o conteúdo, novas palavras, a estrutura; é uma fonte de aprendizado, analisar o que os renomados estão fazendo, e melhor ainda, identificar o que não fazer, o que não dá certo. "Cada livro que se pega para ler tem uma ou várias lições, e geralmente os livros ruins têm mais a ensinar do que os bons" (convenhamos, dificilmente vamos escrever como o cânone da literatura). Quanto mais nos deparamos com a escrita do outro, nosso olhar crítico fica mais aguçado, e refletimos isso em nossa própria escrita e no constante processo de releitura e revisão do que escrevemos. Feliz que eu e Stephen King tenhamos algo em comum: "Eu levo um livro comigo aonde quer que eu vá". Aqui entre nós, já levei meu Kindle em colação de grau e festa de formatura (sempre tem aquele momento em que a gente fica fazendo absolutamente nada, então a companhia de um livro é sempre bem-vinda).
Agora chegamos na parte que, ao menos, para mim - arrisco dizer que para todos nós -, é a mais árdua: escrever. Respira, vamos por partes, e com a ajuda do nosso guia Stephen King. "Costumo dizer a entrevistadores que escrevo todos os dias, com exceção do Natal, do Dia da Independência Americana e do meu aniversário. É mentira. [...] A verdade é que, quando estou escrevendo, escrevo todos os dias [...]". E é aqui que entra a constância, a criação do hábito, do senso de ofício; "palavra por palavra", como diz King. É preciso separar um momento do seu dia para a escrita e, além disso, definir uma meta diária; "[...] é melhor estabelecer uma meta baixa, de início, para não ficar desencorajado", aconselha o autor. Stephen sugere mil palavras por dia, mas sabemos que nem sempre é possível, e essa meta pode mais nos atrapalhar no que nos ajudar; então eu, particularmente, pensei em uma meta de tempo para escrever todos os dias, para, ao menos, não perdemos o contato com a história.
No entanto, antes de definir qualquer meta, antes escrever qualquer frase ou palavra, é necessário pensar no ambiente e no espaço de trabalho. "A maior ajuda para uma produção regular é trabalhar em uma atmosfera serena". Defina um local fixo para escrever, King defende que não precisa ser um local luxuoso ou nada do tipo, mas que tenha uma porta, uma porta que feche. Fazer esses ajustes é um sinal de respeito com o seu trabalho, é mostrar para aqueles que estão a sua volta que o que você está fazendo é, de fato, um ofício, é algo sério; e, portanto, não deve ser constantemente interrompido com frivolidades. A premiada escritora e jornalista brasileira, Cintia Moscovich, ressaltou a importância desse momento solo, nós com a nossa mente. É preciso fazer um exercício mental, uma visualização antes de escrever, e como vamos fazer isso enquanto o marido fica perguntando onde estão as meias, não é, Cintia?
Durante o processo de escrita, é momento de eliminar distrações, de manter a porta fechada e focar no seu trabalho; deixar o mundo lá fora, pois "quando você escreve, está criando seus próprios mundos".
Fique de olho, pois iremos trazer mais conteúdos sobre o que diz um dos autores mais bem-sucedido de todos os tempos "Sobre a escrita".