Uma das coisas que mais admiro em um evento esportivo é a cordialidade que alguns times e atletas demonstram. Estão ali para competir, dar o melhor de si, mas também para crescer pessoal e profissionalmente, sempre em respeito aos demais participantes.
1958. Final da Copa do Mundo a ser decidida entre Brasil e Suécia, país anfitrião. Os dois times têm uniforme titular amarelo. Dias antes do jogo, há um sorteio para definir quem usará o uniforme amarelo. A sorte cai para a Suécia. A comissão técnica brasileira compra camisas azuis e costura os números às pressas. A simplicidade com que o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, acata a decisão e homenageia Nossa Senhora Aparecida ao dedicar a ela o uniforme azul, é admirável.
Cordialidade que se mantém no futebol arte, ao longo dos anos 60 e 70. Não se pode deixar de mencionar a seleção de 1982, dirigida por Telê Santana e com jogadores gabaritados como Zico, Sócrates, Falcão, Toninho Cerezo, entre outros. O Brasil sofre uma derrota doída contra a Itália. O time não traz a taça, mas encanta a todos com o seu futebol.
Em um determinado momento, o ego e a ambição começam a se mostrar: o gol de mão de Maradona, em 1986; a cabeçada de Zinedine Zidane no peito do jogador Marco Materazzi, em 2006; e as atitudes polêmicas de Luís Suárez no jogo entre Uruguai e Gana na Copa de 2010, ou ao morder o zagueiro italiano Giorgio Chiellini, na Copa do Mundo de 2014.
Em 1987, a FIFA institui o Prêmio Fair Play, concedido anualmente a pessoas, times, torcedores, espectadores, federações de futebol.
Em 1991, o jogador Jorginho recebe a premiação por sua carreira e por sua atuação dentro e fora de campo. Em 2004, a CBF recebe o prêmio como reconhecimento por organizar a "Partida da Paz", entre Brasil e Haiti, em uma campanha de desarmamento naquele país.
Outro fato histórico no mundo do futebol é o jogo entre Estados Unidos e Irã, na Copa de 1998. Rivais no campo diplomático, o jogo transcorre em um ambiente tranquilo. As equipes posam juntas para as fotos. Os iranianos entregam um buquê de flores aos americanos. Ao final, a equipe iraniana vence a partida por 2 a 1.
A Copa do Mundo de 2022 no Catar será lembrada por ser a primeira a realizar-se entre 20 de novembro e 18 de dezembro. Meu desejo é me surpreender a cada lance, e. ao terminar a Copa, trazer na memória exemplos de cordialidade entre as equipes, torcedores e organizadores.
Bem-vinda, Copa do Mundo de 2022!
ANA MARIA CAVALCANTI é brasiliense e diplomada em Letras Tradução Inglês e Francês, e Mestrado em Linguística pela Universidade de Brasília - UnB. É servidora pública, da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG). Participa do
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