Emprego de artigos definidos e indefinidos
 



Dica de Escrita

Emprego de artigos definidos e indefinidos

Neiva Tebaldi Gomes


Os artigos definidos determinam os substantivos de modo preciso e particular. Ao dizer “o” livro, “a” casa, “o” jornal, faz-se uma referência a um livro, a uma casa, a um jornal específicos, definidos. Já os indefinidos apresentam os substantivos num aspecto vago, impreciso e geral. Quando se diz “um” livro, “uma” casa, “um” jornal menciona-se um livro, uma casa, um jornal qualquer. 

Importante: a diferença entre os artigos definidos e indefinidos é uma questão de sentido. Exemplo:

1) Li o jornal ontem.

2) Li umjornal ontem.

Em 1) refere-se um jornal em particular, definido. Em 2), refere-se um jornal sem intenção de especificá-lo. 

Na língua portuguesa os artigos podem combinar-se com preposições. A combinação dos artigos definidos com as preposições a, de, em, por (per) resulta, respectivamente, em à(s), ao(s), do(s), da(s) no(s), na(s) pelo(s) pela(s).

A combinação dos artigos indefinidos com a preposição em, e mais raramente com a preposição de, resulta em: num (nuns), numa(s), dum(duns), duma(s).

1. Sobre o uso dos artigos 

De um modo geral, o artigo definido aplica-se a seres e objetos conhecidos ou já mencionados, e o indefinido a seres desconhecidos, indeterminados ou a seres e objetos a que não se fez menção ainda. Diz-se, por exemplo, “Era uma vez uma bruxa…”, no início de um conto infantil e, na sequência, “…a bruxa…”.

artigo definido também distingue os substantivos homônimos e define seu significado.

Exemplos: o rádio, a rádio; o capital, capital; o moral, a moral.

Os artigos também transformam palavras de qualquer classe gramatical em substantivo.

Exemplo: 

Ninguém sabe como será o amanhã.

Diga-me um sim, ou um não.

É um falar que não tem fim

O aqui e o agora.

2. Não se usa artigo definido:

1) em provérbios e comparações

Cão que ladra não morde (e não: O cão…).

Amor com amor se paga (e não: O Amor…).

Criança tem mais disposição que adulto (e não: a criança … o adulto).

2) depois do pronome relativo cujo 

É o menino cujos pais procurávamos (e não: cujo os pais…).

Há pragas cujo controle é difícil (e não: cujo o controle…).

Esta é uma história cuja trama envolve crianças abandonadas (e não: cuja a trama…).

3) antes de palavras que designam matérias de estudousadas com os verbos ensinar, aprender, estudar e equivalentes:

Estudava Literatura (e não: a Literatura…).

Lecionava Português (e não: o Português…).

Já não se estuda Latim nas escolas (e não: o Latim).

4) antes de nomes de sentido generalizante: 

Avareza não é economia (e não: A avareza).

Escrever certo é difícil (e não: O escrever).

Sal, pimenta e açúcar devem ser usados em quantidades moderadas (e não: O sal, a pimenta e o açúcar).

5) antes de pronomes tratamento:

Sua Alteza casou-se com Dona Teresa Cristina (e não: Sua Alteza, a Dona).

Espero não ter magoado Vossa Excelência (e não: a Vossa Excelência).

Mas, atençãosenhor, senhora e senhorita são exceções e admitem artigo:

Falei com senhorita Cristina. / senhor Francisco o espera no escritório.

6) antes dos adjetivos são, santo e santa, quando acompanhados de nome próprio, assim como Nosso Senhor e Nossa Senhora:

Santo Antônio é o padroeiro da cidade (e não: O Santo Antônio).

Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil (e não: A Nossa Senhora Aparecida).

7) antes de pronome possessivo usado em expressões com o valor de alguns: Quem não tem suas (algumas) dificuldades? (e não: as suas…). Nota: com o artigo haveria ambiguidade (duplo sentido).

8) com nomes próprios de pessoas usados por inteiro (famosos ou não): 

Francisco da Silva foi nosso vizinho por muitos anos (e não: O Francisco da Silva)

Eva Vilma foi uma grande atriz (e não: A Eva Vilma).

Observações:

1) os pronomes possessivos que acompanham substantivos têm a função de determiná-los, por isso tornam-se facultativos em usos como os seguintes:

Conversei com (a) sua irmã. Conheço (os) seus amigos.

2) Diante de nomes de pessoas, geralmente, não se usa artigo:

Conheci Maria Teresa na faculdade (e não: a Maria Teresa).

Porém, na linguagem coloquial de alguns Estados brasileiros, é frequente a anteposição de artigo a nomes de pessoas, a fim de indicar afetividade ou familiaridade: 

Helena é minha irmã. João é nosso sobrinho.

 

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