Haruki Murakami, o escritor best-seller japonês de 69 anos que é reconhecido internacionalmente - sua obra já foi traduzida para mais de 50 idiomas - e é favorito nas apostas do Nobel leva uma vida reservada e não gosta de dar entrevistas, nem de aparecer na mídia. Fez uma exceção ao El País Semanal em sua visita ao Equador, onde concedeu entrevista à jornalista Raquel Garzón. Em sua fala, divaga sobre sua escrita - suas motivações, desafios, inspirações, sucesso - e sobre sua vida pessoal - a decisão de não ter filhos, o casamento de 47 anos com Yoko, a maneira com que encara a velhice.
Sobre a função do leitor em suas obras, afirma: escrever romances longos como os meus exige um esforço sustentado e metódico. Não é um trabalho leve; escrevo com a sensação física de dar tudo de mim; administro minha energia como o ar nas maratonas e tento oferecer sempre algo novo. Só espero que o leitor desfrute do livro. Essa é a parte dele. Ao se referir aos sentidos que seus relatos acionam, diz gostar das coisas físicas: se escrevo sobre alguém que bebe uma cerveja, espero que os leitores queiram uma. Procuro imprimir à minha literatura essa dimensão porque confio na reação corporal como algo autêntico, incontrolável, e se aparece creio que a história está funcionando. Se alguém no livro adoece, gostaria que o leitor vivesse seus sintomas. Esse é o propósito do relato.
Dos desafios que encara como escritor, diz que fazer o leitor rir é o maior deles: rir e chorar são emoções mais transparentes. Mas fazer chorar é mais simples. Quando você ri é porque sua atenção relaxou; está ali, entre o que o livro conta e o que sente há um ponto de encontro, uma humanidade corpórea. Gosto de chegar a esse espaço comum. Sou escritor e, sem dúvida, tenho opiniões e ideias para expressar, mas sem esse nível físico essencial riso e choro, creio que seria muito difícil transmitir o que quero contar.
Todos vivemos em uma espécie de jaula, o que significa ser só você mesmo. Como escritor de ficção, você pode sair e ser diferente. Murakami inspira não só como escritor, mas como ser humano.
Para conferir a entrevista completa, clique aqui.