Pássaros engaiolados ou passageiros afortunados? Que tipo de leitor você quer formar?
 



Pássaros engaiolados ou passageiros afortunados? Que tipo de leitor você quer formar?

por Claudia de Villar

Se, para algumas fontes de pesquisas a Literatura é a arte de compor e expor escritos artísticos, de acordo com princípios teóricos e práticos, por outro lado temos as “ondas das palavras”, deixando para um canto qualquer as gaiolas que prendem os leitores. Ao enveredarmos para a prática da aplicação formal da gramática e do que seja correto ou o que é impróprio teremos mais chance de ficarmos engaiolados e de engaiolar os nossos futuros leitores. Será a construção de um navio que viajará solitariamente no mar literário. Sendo este um mar sem ondas num lugar sem vento.

Tanto as escolas quanto os formadores de leitores devem ter bem nítido que ler é um ato de querer, senão vira “passar os olhos” pelo texto. Quem lê por obrigação não tem nenhum vínculo com a emoção. A leitura obrigatória, embora muitas vezes necessária em bancos escolares, em muitos momentos se perde na poeira, engaiolando sonhos e vontades e o leitor em construção passa a ser um decodificador de sinais e símbolos linguísticos. Ler também é não entender. É ter opinião. É saber dizer não! É dizer que não gostou do que leu ou afirmar que não entendeu. Ler é viver, é vivenciar, é relembrar, é experimentar. Porém, muitos leitores são formados dentro de gaiolas. Não podem abrir as suas asas e voar. Em exercícios de práticas de leitura, nas salas de aula, estes pássaros apenas decodificam letras. Eles não vivenciam o texto. Por isto que as atividades de compreensão textual acabam sempre desastrosas, frustrantes tanto para o leitor/aluno quanto para o professor caçador de pássaros. Deixem os pássaros abrirem as suas asas! O importante na leitura não é compreender somente o que existe nas linhas, mas o que há nas entrelinhas, o que há depois das linhas e o que não foi dito nas linhas.

Desta forma, tanto os educadores quanto os formadores de leitores devem pegar o leme da Literatura e conduzir seus passageiros à uma viagem significante. Uma viagem repleta de emoções! Assim como o texto deve induzir o leitor a se emocionar, a se envolver, a vivenciar. Os capitães literários devem estar comprometidos com a viagem, ou seja, todos devem ler, passageiros e capitão. Afinal, quando o capitão aprecia as ondas do mar, seus passageiros fecham os seus olhos e se deixam levar.

Por fim, um bom ensino literário ou o incentivo à leitura vai além dos livros. Para valer a pena,a Literatura deve pegar carona no navio e viver as emoções plenamente. Senão, o que veremos serão pássaros engaiolados, com asas presas e atrofiadas. Uma vida sem vida. Um ler sem querer. Uma vida sem saber. Ler é se envolver.

 

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