Estereótipos são construções clichês que reduzem grupos sociais a determinadas características. De acordo com o dicionário Aurélio, o termo designa "suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc". Além de simplificar de maneira excessiva a complexidade dos indivíduos, os estereótipos podem contribuir para a perpetuação de preconceitos e discriminações. Afinal, vale lembrar Albert Einstein: "é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito".
Quando retratados na mídia, estereótipos reforçam ideias preconcebidas que a sociedade já carrega, dificultando a aceitação da diversidade e a compreensão de cada cultura ou grupo social. É comum, assim, vermos referências ao baiano preguiçoso, ao carioca malandro, à velhinha malvada, à mocinha bondosa, ao galã valente, etc.
Apesar disso, muitos autores ainda utilizam estereótipos. até sem se dar conta, reproduzindo discursos sociais e obras já publicadas. "Muitos usam sem se dar conta, reproduzindo discursos sociais e obras já publicadas. Outros acabam usando porque acreditam que o humor ou o texto de entretenimento precisa se valer de estereótipos. Mas eu teria diversos exemplos de ótimos personagens tanto em textos de humor quanto de entretenimento que fogem dos estereótipos", diz o professor Marcelo Spalding, diretor do Curso de Formação de Escritores.
Bruna Tessuto aponta como principal motivo do uso do estereótipo a facilidade, afinal o conceito muitas vezes se confunde com o de clichê: "É muito mais fácil criar um vilão, daqueles que são ruins em tudo, mau em tudo, do que criar um assaltante de banco que é um bom pai, uma prostituta que é apaixonada pelo marido. É muito mais fácil usar um "meu coração se partiu" do que fazer o leitor perceber e sentir o sentimento de dor do personagem. É muito mais fácil escrever com estereótipo porque a coisa não se aprofunda, a gente já tem aquilo pronto como uma forma".
Outra forma comum de utilizar esse método de escrita é quando o autor não desenvolve muito seus personagens secundários. Frequentemente, esses são retratados de maneira simplista e previsível, o que pode reforçar preconceitos e limitar ainda mais a diversidade da narrativa. Nesse sentido, Arthur Menezes comenta que é preciso diferenciar estereótipos, carregados de preconceitos, dos arquétipos: "os arquétipos podem servir para fazer com que o público entenda um monte de coisas sem dizer quase nada. E, assumindo isso, se considerarmos que o desenvolvimento do secundário terá um número menor de palavras para si, dá para dizer, então, que precisará usar mais vezes os recursos capazes de contar mais com menos parágrafos."
A literatura tem o poder de moldar opiniões e oferecer novas visões do mundo. Assim, é fundamental que os escritores sejam conscientes das construções que utilizam, buscando sempre enriquecer suas narrativas com representações autênticas e diversificadas e formas de trazer diversidade e características reais para seus personagens.