- Posso te perguntar uma coisa?
- Sim.
- Por que vocês estão separados?
- Porque sim.
- Ué, já estão juntos?
- Sim, quer dizer, não!
- Então me responde. Por que estão separados?
- Por causa da interrogação. Ela impõe isso. Mas queria saber por que faz tantas perguntas.
- Olha aí... Estão separados, mesmo sem o sinal de interrogação. Essa inconstância é a razão por que fico com tantas dúvidas. Não sei por que não seguem uma linha.
- Ah, sim. Observe que isso é relativo; e nossa versão separada ocorre também nas perguntas indiretas.
- E o acento, por que seu parceiro perdeu?
- Simplesmente porque não fomos para o final da frase.
- Vocês me deixam confusa, já estão juntos! Ouvi dizer que é quando indicam uma resposta. É isso mesmo, ou vocês mudam ao sabor do vento?
- Na verdade, quando a gente se une é porque quer dar alguma explicação ou expressar uma relação de causa. Como pode ver, não é aleatório, existe um porquê.
- E essa gracinha agora, de aparecerem juntos com acento?
- Aí é outra história. Sempre que nos tratam como substantivo, temos que ficar juntos e levar o acento. Mas você não para de perguntar! Por quê?
- Ué, vocês mudam a todo instante! Já estão separados e com acento?
- Ah, sim, isso acontece quando nos encontramos na esquina, ou melhor, no final da frase. É tão comum, que tem gente empregando sem saber por quê.
- Hum... Então deve haver um motivo para tantos porquês, por que tantas versões... Será por quê?
- Vai ver que é porque nos adaptam às diferentes situações.
- Ou, quem sabe, gostam de fazer confusão mesmo. Sei lá, vai entender!
Raquel Pivetta é Analista de Sistemas e especialista em Revisão de Texto. Apaixonada pela língua portuguesa, fundou o Viva Gramática (www.vivagramatica.com.br). Em seu trabalho, explora as nuances da língua portuguesa e os desafios que surgem no seu uso cotidiano. Instagram: @raquelpivetta_vg.