Que livros os jovens leem?
 



Dica de Escrita

Que livros os jovens leem?

Evelyn Marengo e Kethlyn Machado




Há quem diga que jovens não leem livros. Não é verdade. Existe um mundo literário quase a parte em que a Geração Z - os nascidos nos anos 2000 - está imersa em páginas e páginas de livros. Resenhas, diários e desafios de leitura, vídeos de indicação, discussões sobre clássicos versus contemporâneos, uma infinidade de fanarts de personagens, piadas internas e até terminologia própria, esse é o universo dos jovens leitores. E nós fazemos parte dele, a leitura e os livros são partes de quem somos, são o nosso escape e, muitas vezes, o que nos move.

As redes sociais são um fator chave para o funcionamento da nossa comunidade, é por elas que acontece o nosso movimento e a nossa interação com outros leitores. Booktok, bookgram, booktube, booktwitter. Diversos mundos foram introduzidos a esses jovens pelo aumento da fama desses "cantos" nas redes sociais. É até perceptível em livrarias físicas, que agora tendem a ter uma seção datada como "Favoritos do TikTok". O mais maravilhoso é sua diversidade de gênero, pois obtemos nichos literários dentro dessas redes, deixando cada vez mais próximo ao nosso gosto, assim como conhecendo novas leituras que saem constantemente.

Outro grande tratamento de identidade dos chamados booktokers ou booktubers foi a criação de uma linguagem própria para seu público. Nada necessariamente complicado, mas grande o suficiente para demonstrar seu carinho pelas leituras, criando as "tropes" que nada mais são do que diferentes movimentos e relacionamentos entre seus personagens, entre muitos outros termos. Filtros e diferentes trends foram aumentando ainda mais sua fama, impactando até o mercado.

Como grandes leitoras que somos, podemos afirmar que acompanhamos esse universo de produção literária, assim como somos grandes defensoras da propagação da leitura para os jovens, tanto com as leituras clássicas quanto com as novas histórias que um dia podem se tornar clássicos.

Para demonstrar o vigor dessa produção, vamos deixar algumas das nossas recomendações literárias. Pode ser interessante ler algumas dessas obras, que têm feito sucesso com a geração nascida nos anos 2000. E notem que nem todas são obras contemporâneas.

Evelyn Marengo, nascida em 2004


Em geral, sou muito fã de livros de fantasia, aqueles que parecem te fazer mergulhar dentro de uma história com um mundo novo. Mas também sou apaixonada por livros com seus protagonistas complexos, que buscam uma jornada pessoal, ou obtém uma grande história para contar. Em geral, histórias com momentos cativantes, que me levam a constantemente questionar e ficar com o gostinho de "quero mais". Assim, deixo minhas indicações de alguns dos meus favoritos em seus mais diferentes gêneros e tamanhos. Se o que busca são coleções de fantasia temos "Percy Jackson" (2005), de Rick Riordan ou com uma pegada mais sci-fi com "Duna" (1965), de Frank Herbert. Para aqueles que buscam uma viagem solo em um universo rico de detalhes indico o clássico "Mulherzinhas" (1868), de Louisa May Alcott, "Pessoas Normais" (2018), de Sally Rooney, e "Os 7 Maridos de Evelyn Hugo" (2017), de Taylor Jenkins Reid, este para os fãs de histórias que giram em torno de seus personagens e suas motivações. Por fim, indico "A Vida Invisível De Addie Larue" (2020), de V.E. Schwab, para aqueles que buscam uma história cheia de reviravoltas, segredos e fantasia.

Kethlyn Machado, nascida em 2000


Também sou fã de fantasia (principalmente as que me destroem emocionalmente), na possibilidade do impossível dentro de novos mundos, de se embrenhar em sistemas de magia, de se imaginar nos personagens: voar, ter visões sobre o futuro, assumir formas animais, voltar no tempo. Por mais que eu goste de todos esses cenários em uma história de fantasia, são as personagens que me encantam (não preciso de grandes reviravoltas). Gosto de ver o desenvolvimento delas durante a trama, suas personalidades complexas, atitudes duvidosas, como interagem umas com as outras - até saudade de personagem eu sinto. Nos últimos tempos me deparei com um subgênero da fantasia que tenho gostado bastante, a fantasia histórica, que tem como pano de fundo um pouco da nossa realidade, de acontecimentos históricos. "Babel" (2022) e a trilogia "The Poppy War" (2018), da autora sino-americana R. F. Kuang são fantasias históricas que indico de olhos fechados. Agora, saindo um pouco das fantasias, e no meio das minhas tantas leituras atuais, também indico "Herdeiras do Mar" (2020), da Mary Lynn Bracht, uma ficção histórica. E, por fim, mas não menos importante, um livro incrível, forte e sensível que li recentemente: "Umm Saad" (2023), novela do autor palestino Ghassan Kanafani.

 

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