As pessoas são constantemente bombardeadas por anúncios. Recebem inúmeras indicações de obras e não têm tempo - nem dinheiro - para adquirir todas. O que te faz diferente?
Compartilhar os eventos literários, as conexões e as leituras informam ao seu público que você escreve. Logo, mostram sua personalidade, te aproximam dos seguidores. Há uma lacuna entre conhecer você e sua escrita, seu gênero e estilo. O marketing de conteúdo atrai pessoas de acordo com o próprio gosto, por isso diminui as chances de frustração pós-compra.
Afinal, o que é marketing de conteúdo?
Segundo a
Demand Gen Report, quase metade dos compradores (47%) visualizam de 3 a 5 materiais antes de procurar um vendedor. Essa técnica diz sobre oferecer, de forma gratuita e sem pretensão de compra, uma informação de qualidade. Por exemplo, um salão de beleza compartilha ideias de penteado para o Ano-Novo. Um escritor publica contos, poesias ou reflexões. Uma editora promotora de cursos divulga dicas. Outras possibilidades são indicações de livros e dicas de concentração.
Escrever bem exige treino. E por que não postar sua experimentação?
Seguindo na linha de não separar o perfil pessoal do perfil literário, as pessoas almejam a autenticidade, a não perfeição, espontaneidade, algo identitário e real. O escritor tem vida pessoal e inclui a literatura no cotidiano. Ou seja, o texto não necessita estar editado por um profissional, embora seja desejável estar revisado pelo próprio autor, ao menos gramaticalmente. Resumindo, compartilhe o seu processo de escrita. Entende-se por processo a presença em cursos, a parceria entre artistas, as tentativas, falhas e as versões cruas ou com menos preparação.
É importante ressaltar a coerência entre o livro a ser lançado e os textos publicados na internet, isto é, a poesia deve ser divulgada com poesia, prosa com prosa. O público conquistado estará em busca da versão paga e extensa do já visto, as expectativas devem ser compatíveis. Mesmo assim, mudar o gênero não é problema. A autora Dan Rodrigues, embora não utilize a metodologia indicada neste artigo, separa seu
perfil em "eras", cada fase de acordo com o lançamento.
Quais perfis podemos nos inspirar?
A Luísa Aranha, professora da Metamorfose, gosta da forma como a
Patricia Gabriela Zago faz seu conteúdo nas redes sociais. Um exemplo é a newsletter, publicada a cada 15 dias, quando atiça sobre a novidade ou reflete sobre uma data comemorativa. O e-mail conta com bem mais palavras do que um carrossel no Instagram ou Facebook e a plataforma onde é lido tem menos informação distrativa. Os anúncios são direcionados para o spam e não há diversos ícones sugerindo ações distintas - stories, mensagens, notificações, vídeos, etc.
O Claudio Varela, ex-aluno do Curso Formação de Escritores e autor de O que sei de você pela Editora Metamorfose, conquistou leitores também pelo e-mail. Com o objetivo de conseguir pessoas que quisessem ler suas mensagens, elaborou um
projeto. "Durante a pandemia, fiz junto com amigos atores as Leituras Varelianas online onde meus textos eram lidos de forma dramatizada, como escrevo muito em diálogo, era como um teatro online." Os primeiros contatos do mailing são familiares e amigos, todavia, com o tempo, os colegas são adicionados e, por fim, os seguidores conquistados por meio do link na biografia.
Por que ter um site?
Criar uma newsletter não é a única forma de compartilhar seus textos. A criação de um site permite ter diversos gêneros condensados em abas sem precisar que o seguidor faça uma inscrição prévia. Além disso, os textos publicados ficam salvos.
A fim de ter entradas no site, é preciso alcançar uma boa posição no Google. Para isso, é importante escolher com cuidado o endereço do seu site. Nomes muito genéricos (Maria Eduarda Silva, por exemplo) são facilmente confundidos entre inúmeros indivíduos. Criar conteúdo relevante, em quantidade e com regularidade também é importante tanto para alcançar um bom posicionamento no buscador quanto para atrair o leitor por mais tempo.
Onde entram as redes sociais?
A visibilidade do site é complexa e deve ser acompanhada da divulgação via redes sociais. É através dela que o seguidor saberá da existência do site. No entanto, muitos escritores se desmotivam a postar nas redes por falta de tempo. Mas reflexões diárias, minicontos, frases impactantes feitos em design simples como print screen de bloco de notas, foto de caderno são de rápida produção.
A Camila Paiva, escritora independente, testa várias formas de divulgação: promove outras obras, tem um site, newsletter e faz posts rotineiros. O slam (forma poética viral, normalmente com atuação) foi utilizado nessa
publicação para compartilhar seu novo livro. Já Ryane Leão escolhe conquistar leitores por meio de
posts curtos.
A mistura de posts pessoais, conteúdos sobre a escrita e divulgação de um novo livro parece ser um caminho bem-sucedido que se reflete em vendas. O importante é conquistar a atenção dos leitores e mantê-los ansiosos com grandes expectativas por suas obras. Isso só é possível se suas postagens forem vistas pelos seguidores como algo relevante, sem exaustivamente divulgar produtos. Assim dizendo, o marketing de conteúdo é capaz de abrir portas para essa conexão duradoura e significativa com seu público.