A Associação Gaúcha de Escritores veio a público, em nota, repudiar a atitude de censura da diretora de uma escola gaúcha em relação ao livro "O Avesso da Pele", do escritor Jeferson Tenório; além das críticas, a diretora solicitou o recolhimento das cópias da instituição de ensino.
A associação argumenta que a obra foi avaliada previamente, em 2021, por uma banca capacitada, composta de educadores e especialistas em literatura, para Programa Nacional do Livro e do Material Didático do Governo Federal e que, ademais, a obra em questão também foi aprovada pela diretora da escola (sua assinatura consta em documento sobre a aprovação do livro).
Diretora da escola Ernesto Alves em Santa Cruz do Sul, Janaína Venzon publicou um vídeo nas redes sociais em que julga a obra "O Avesso da Pele" inadequada para alunos de ensino médio. A principal crítica de Janaína é em relação à linguagem do livro, a qual ela define como de "baixo nível", e acrescenta que a instituição preza ?pela educação dos nossos estudantes e não pela vulgaridade?.
A obra do professor Jeferson Tenório, publicada em 2020, explora as complexas relações raciais no Brasil e a ligação entre violência e negritude. O livro retrata a história de Pedro, que, após a morte do pai em uma abordagem policial, vai em busca do passado de sua família, refazendo os caminhos do genitor. "Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos", relata a sinopse do livro.
Por fim, a associação questiona: "Que interesses, fora da educação, comportam as palavras da diretora? Retirar trechos de contextos e torná-los indevidos faz com que tenhamos uma parcialidade capaz de distorcer a realidade, afirmar inverdades e servir de `massa de manobra` para outros fins que não os da literatura e do ensino".
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