O vencedor de 2021 do Prêmio Nobel de Literatura
 



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O vencedor de 2021 do Prêmio Nobel de Literatura

Cinthia Dalla Valle


O tanzaniano Abdulrazak Gurnah, de 73 anos, atendeu ao telefone na cozinha de sua casa e ficou sabendo que era o vencedor do prêmio Nobel de Literatura e que ganharia 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a 6,28 milhões de reais.



Nascido em 1948 na ilha de Zanzibar, no Oceano Índico, Gurnah partiu para a Inglaterra como refugiado no final da década de 1960. Após a libertação pacífica do domínio colonial britânico em 1963, Zanzibar passou por uma revolução que, sob o regime de Abeid Karume, levou à opressão e a perseguição de cidadãos de origem árabe.

Como Gurnah fazia parte do grupo étnico perseguido, após terminar os estudos, com 18 anos, foi obrigado a deixar a sua família e fugir do país. Havia estudado na Universidade Bayero Kano, na Nigéria, e de lá se transferiu para a Universidade de Kent, onde se doutorou em 1982. Seus estudos e sua literatura tratam do pós-colonialismo e do colonialismo, principalmente no que tangem à África, Caribe e Índia.

Foi só em 1984 que ele conseguiu voltar a Zanzibar e reencontrar seu pai pouco antes de ele morrer. Até a recente reforma, Gurnah foi professor de Inglês e Literaturas Pós-coloniais na Universidade de Kent em Canterbury, onde se aposentou há pouco tempo. Hoje vive em Brighton, sul da Inglaterra.

Gurnah começou a escrever aos 21 anos, quando era refugiado no Reino Unido. Desde então, já publicou vários contos e 10 romances, todos inéditos no Brasil: “Memory of Departure” (1987); “Dottie” (1990);“Paradise” (1994), indicado ao Booker Prize e ao Whitebread Prize; “Admiring Silence” (1996); “By the sea” (2001); “Em la Orilla” (2003); “Desertion” (2005); “The last gift” (2011); “Gravel heart” (2017); “Afterlives” (2020).

Segundo o Comitê do Nobel de Literatura, "a dedicação de Abdulrazak Gurnah à verdade e sua aversão à simplificação são impressionantes. Seus personagens se encontram em um hiato entre culturas e continentes, entre uma vida que existia e uma vida que surge; em um estado de insegurança que nunca pode ser resolvido. Merecedor do prêmio por sua comovedora descrição dos efeitos do colonialismo na África e do destino dos refugiados, no abismo entre diferentes culturas e continentes”.

Anders Olsson, membro da Academia, diz que em seu “magnífico último livro ele se afasta das descrições estereotipadas e abre nosso olhar a uma África culturalmente diversa, pouco conhecida em outras partes do mundo”.

 

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