A Morte nos Espreita
 



Poesias

A Morte nos Espreita

João Carlos Bueno Cruz


Pão fresco, pão gostoso,
mas é preciso buscá-lo
na padaria do arsenal.

Marujos, levantem cedo
vão buscar pão fresco
na padaria do arsenal.

O navio tem rotina
é preciso respeitar,
o desjejum é às sete e meia,
não há como postergar.

Do cais do arsenal,
sai a lancha carregada
com pão inda quente,
cheirando bem.

Desce a neblina,
é triste a sina
do navegante
nessa hora.

O patrão da lancha
procura lugar seguro,
lugar seguro não há.

Toca o sino pra avisar,
se perdido ficar,
ninguém o vai atropelar.

Maldita névoa
a tudo esconde
Já tarda, há pressa.
Tem hora marcada.

Cai o véu, brilha o sol
barca de passageiros
lotada logo cedo,
é dia de trabalho
trabalho não pode
esperar. Vem de longe
a barca, vem lá de Niterói.

já iniciou a manobra
já vai atracar,
o grande calado
exige cuidado.

A lancha é frágil,
a barca é pesada.
Entre o cais e a barca:
a lancha, o desespero.
O patrão é rápido
e tira o barco,
tira o barco fora dali.

Sai o sol
Levanta cerração
Vai ter pão fresco
no desjejum.


João Carlos Bueno Cruz, natural de Porto Alegre, é professor aposentado. Participou da Oficina Literária Online.

 

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