3 perguntas para Luiz Paulo Faccioli
 



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3 perguntas para Luiz Paulo Faccioli

Escrita Criativa


Luiz Paulo Faccioli é músico, compositor, juiz Allbreed e Instrutor pela The International Cat Association — TICA. Autor de Elepê (contos, WS Editor, 2000), Estudo das Teclas Pretas (novela, Record, 2004), Cida, a Gata Maravilha (infanto-juvenil, Galera Record, 2008), Trocando em miúdos (contos, Record, 2008) e Primeira Pessoa (contos, Metamorfose, 2019). É crítico literário do jornal Rascunho há 20 anos.



Em Primeira Pessoa, todos os contos são narrados com essa técnica. O que o motivou a escrever dessa forma? E quais as maiores dificuldades de se escrever em primeira pessoa?

Depois do Trocando em Miúdos, comecei a pensar num novo livro e fui olhar o material que tinha guardado: todos os contos estavam escritos em primeira pessoa. A partir dessa constatação, decidi então insistir e trabalhar todas as possibilidades desse narrador naquilo que virou um projeto que depois acabou se concretizando em livro. Eu gosto muito do narrador em primeira pessoa: é um narrador que facilita ao autor vestir a pele de um personagem e narrar sob sua ótica. Quanto mais diferente for esse personagem em relação à personalidade do autor, mais rica é a experiência. A dificuldade é calar a voz do autor a bordo de um eu narrador.

Você é músico, e em Trocando em Miúdos, você cria histórias a partir de músicas de Chico Buarque. Como você relaciona música e literatura?

As artes todas se interrelacionam. Podemos aqui escrever uma longa dissertação sobre o tema, mas penso que a relação se estabelece pela intertextualidade e pelo subtexto, um conceito comum a qualquer das artes. Há subtexto num conto de Borges como também há num quadro de Monet ou numa partitura de Beethoven, e esses subtextos podem dialogar. Liszt, um dos pais da música descritiva ou programática, batizou de Poemas Sinfônicos uma série de composições para orquestra baseados obras literárias. Música e literatura se aproximam não só na poesia, onde o ritmo tem uma importância fundamental, mas também na prosa.

No caso do Trocando em Miúdos, a história é a seguinte: Chico Buarque é um de meus ídolos na MPB que conheço e ouço desde o início de carreira. Um dia me dei conta de que muitas de suas belas canções podiam ser lidas como minicontos. Pensei então em recontar as histórias que ele sugere em algumas dessas canções e desenvolver outras a partir de versos que só ele consegue compor.

Em seu trabalho no Jornal Rascunho, você tem feito resenhas sobre diversos autores contemporâneos. Qual a importância das resenhas e críticas literárias para a literatura? E você sente falta da crítica literária mais tradicional?

A função da resenha é apresentar um trabalho ao potencial leitor, por isso ela precisa ser sincera. O resenhista tem de descrever, da forma mais honesta possível, o que ele encontrou num livro. O leitor vai decidir então se o livro merece ou não ser lido. Acho esse trabalho fundamental e cada vez mais escasso. A resenha e a crítica literária também são importantes aos autores. Resenhistas e críticos são normalmente leitores qualificados que já leram muito na vida e colocam esse conhecimento em suas avaliações.

 

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