No princípio, dez primeiras páginas, é meio assim-assim, custa um pouco a engrenar, mas de repente a gente se embala no ritmo dele e não larga mais, escreveu o escritor Fernando Sabino em uma carta endereçada a Clarice Lispector sobre o novo livro de João Guimarães Rosa. A carta é de julho 1956. Mas Grande Sertão: Veredas, que completa hoje 65 anos, ainda pulsa.
Desde seu lançamento, o livro se destaca tanto nos artigos da crítica especializada como nas planilhas de vendas feitos que se mantêm até hoje. Ele ocupa a sétima posição de livros mais vendidos de literatura brasileira no Estante Virtual, site que reúne 2.699 livreiros de todo o Brasil. Mas, afinal, o que em Grande Sertão: Veredas é tão sedutor?
`O sertão é do tamanho do mundo`
A primeira resposta possível é que a obra não se encaixa em um único gênero literário. Editorialmente, é um romance, mas há uma mistura de gêneros. Há elementos líricos, próprios do drama do teatro, e há também uma fragmentação que tem a ver com modernismo. Dizer que é apenas um romance é insuficiente, explica Jaime Ginzburg, professor titular de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP). Ele também é a metonímia da sociedade brasileira, completa.
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