Poesias
Epífita
Selda Pessoa
Pela dor do arrombamento
Mantive a porta fechada
Distraída, destrancada
Tão fácil, chegaste assim
Invasão tão logo bem vinda
Tua boca calou meu medo
Teu calor distraiu meu ego
Uma vida brilhou em mim
O desejo guiando a rota
Pensei que sem solo fértil
Nada que floresce vive
Estimei muito em breve um fim
Mas o cuidado e as palavras doces
Fizeram a rota até minha alma
E, orquídea acoplada em árvore,
Nossa flor germinou assim
O anel brilhando em seu dedo
Suas mãos me dão o sossego
Depois de apagar o tempo
Em segundos de você em mim
Epífita, aderida ao carvalho
Conversa, contato, calor
Quando flor me alimento do galho
Quando galho me nutro da flor
E com medo, penso que logo
Ela, egoísta, ou ele, vaidoso
Arrancará essa flor da árvore
Para enfeitar só seu próprio jardim
Não por maldade ou desprezo
Pequenos, não alcançam tão longe
E entendem que prendendo a vida
Terão ela inteira pra si
Mas mesmo algemados em vasos
Teremos memórias, retratos
E saberemos a verdade
Só nossa.
Selda Pessoa é psicóloga, fez especialização em Gestalt-terapia e trabalhou como psicóloga clínica. Pós-graduada em gestão de negócios, atua há mais de 20 anos na área de Recursos Humanos em grandes empresas, trabalhando na construção de equipes, gestão do clima organizacional e desenvolvimento de líderes. Escreve contos e poemas, pois acredita no aprendizado com leveza, assim como na reflexão e compreensão da vida através das histórias.
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