Jogatina
 



Diálogos

Jogatina

Rebeca Bittencourt


- Bati! – disse Luana, colocando a última carta sobre a mesa.

- Ah, não! Vamos de novo.

- Desiste, amor, eu sou muito boa em jogos.

- Ah, é?

- Até parece que você não sabe, Matheus... Já cansou de perder para mim.

- Não tá se achando muito não?

- E você não tá ignorando as evidências não?

- Ah, já sei... Isso me lembrou um jogo e nesse você não tem a menor chance, mocinha!

- DU-VI-DO. Qual?

- Só perguntas, já jogou?

- Não...

- A gente só pode dialogar por perguntas. O primeiro que responder com uma afirmação perde. E não pode pensar muito, tem que responder rápido.

- Tá, bora!

- Vou começar então. Luana, como você gosta de passar o tempo?

- Além de humilhar você nos jogos?

- Você só se diverte jogando?

- Você não me conhece tão bem, Matheusito? Por que não me diz você o que mais eu gosto?

- Viajar?

- Quem não gosta de viajar, não é mesmo?

- E eu? Do que eu gosto?

- Será que existe qualquer outra resposta possível além de comer e dormir?

- Então é assim que você me vê, Luana?

- Quer me lembrar alguma outra coisa?

- Não poderia dizer: dançar?

- Por que eu falaria isso?

- Não foi no forró nosso primeiro beijo?

- E, por acaso, você não estava fingindo gostar para me agradar?

- Por quê? Você costuma fazer isso comigo?

- Depois de tanto tempo, você ainda não sabe que eu não sei mentir direito?

- Então a senhorita nunca mente?

- Já ouviu aquela frase, nunca diga nunca?

- Mas você responderia honestamente minha próxima pergunta?

- Por que você não pergunta logo?

- Está pronta?

- Você não sabe como eu sou competitiva?

- Será que sua competitividade tem limites?

- Quer perguntar logo?

- Quer casar comigo?

- Você vai mesmo brincar com isso?

- Luana... - repetiu, revelando a aliança que trazia no bolso - Você quer casar comigo?

- Claro que eu quero, palhaço! – afirmou Luana, beijando-o.

- Amor... – falou o rapaz.

- Diga, meu bem.

- Eu disse que você não tinha chances.


***

Rebeca Bittencourt tem 26 anos. É carioca, suburbana, casada e cristã. Formada em Engenharia Civil e mestra em Engenharia de Transportes, trabalha como servidora pública na Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro. Apesar de viver no mundo dos números, desde pequena é apaixonada pelas artes e traz amor especial pelos livros. Agora, começa a dar seus primeiros passos concretos em direção ao sonho de se tornar escritora, por meio da Oficina de Criação Literária.

 

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