Olga Tokarczuk e Peter Handke receberam o Prêmio Nobel de Literatura de 2018 e 2019, respectivamente. A Academia ressaltou a imaginação narrativa de Tokarczuk, que, "com paixão enciclopédica, representa o cruzamento de fronteiras como uma forma de vida". Já Handke teve seu trabalho descrito como influente e engenhoso, pois explora a periferia e a especificidade da experiência humana".
Confira a seleção feita pela revista Gagileu, de três livros de cada autor, para você conhecer melhor o trabalho deles:
Olga Tokarczuk
1. Escrituras de Jacó, 2014
Ainda sem tradução para o português, esta obra de Tokarczuk lhe rendeu o Prêmio Nike, o mais importante da Polônia. No livro, o leitor é conduzido a buscar Jacob Frank, uma figura histórica controversa do século 18. A jornada passa por cenas dos impérios Habsburgo e Otomano e pela Comunidade Polaco-Lituana.
Ao longo da história, descobre-se que Frank é o líder de um grupo misterioso e herético de judeus que, anteriormente, já seguira o Islã e o Catolicismo. O livro é narrado pelos seguidores do messias, destacando suas proezas e boas ações.
A obra, apesar de muito elogiada pela crítica, rendeu a Tokarczuk ameaças de morte por parte de grupos extremistas da Polônia. Isso porque, para os membros da direita, o romance histórico desafia a pureza das origens polonesas.
2. Sobre os ossos dos mortos, 2009
Um suspense eletrizante. Este livro consagrou Tokarczuk e está na lista do The Guardian de melhores livros do século 21. A história se passa em uma remota vila polonesa, onde a protagonista, Janina, trabalha como tradutora e caseira.
A mulher é famosa na região por estudar astrologia e também por simpatizar muito mais com animais do que com seres humanos. Sua personalidade reclusa se torna um problema quando uma série de assassinatos macabros começam a ocorrer no vilarejo.
Janina decide investigar os acontecimentos, pois tem certeza de que sabe quem é o autor dos crimes. Nessa obra, o leitor é levado a uma jornada que mistura investigação policial com um intenso suspense psicológico.
3. Os vagantes, 2007
O livro que tornou Tokarczuk a primeira pessoa da Polônia a vencer o Man BookerPrize é um conjunto de contos. Em cada uma das histórias, o leitor conhece um viajante que, por motivos tão diversos quanto curiosos, se vê na necessidade de sair de sua casa para explorar o mundo.
Em uma das histórias, por exemplo, a autora conta a jornada de uma jovem que se vê obrigada a voltar à Polônia com um objetivo peculiar: envenenar seu ex-namorado, que está em estado terminal. Em outra parte do livro, conhecemos a vida de uma mulher que largou tudo para ir morar em Moscou e vagar pelas estações de metrô da cidade.
Falando sobre vida e morte, a escritora mistura relatos que conheceu em suas próprias viagens com uma dose de imaginação para criar um livro intenso e reflexivo, mas nem por isso menos divertido.
Peter Handke
1. Asas do desejo, em parceria com Wim Wenders, 1987
Handke se uniu ao seu amigo e parceiro de longa data, Wenders, para escrever o roteiro, que se tornou um dos clássicos do cinema franco-alemão. A narrativa é situada em Berlim, na época em que o Muro que dividia o país ainda existia.
Dois anjos têm a tarefa de observar os humanos, mas não conseguem sentir ou se emocionar como nós. Eles veem tudo o que acontece com os berlinenses, conseguem até mesmo ouvir seus pensamentos e confortá-los em momentos difíceis.
A história se complica quando um desses representantes divinos se apaixona por uma trapezista humana. Para viver tal romance, ele precisará abrir mão de sua condição de anjo e se tornar mortal.
2. Offendingtheaudience ("Ofendendo a audiência", em tradução livre), 1969
Neste texto dramático, Handke abusa da metalinguagem para deixar claro aos espectadores que, apesar de estarem em um teatro, aquilo que está sendo apresentado não é uma peça.
A história por si só não tem um grande clímax ou desfecho, a genialidade do autor se mostra na construção de um texto que fala sobre teatro dentro do próprio teatro, convidando o espectador a participar de sua evolução.
3. Die hornissen ("As vespas", em tradução livre), 1966
Esta foi a primeira obra publicada por Handke, também um texto teatral. Nele, o narrador conta a história de seus dois irmãos, que brincavam nas margens de um rio quando se afogaram e morreram.
O terceiro irmão, que narra a história, fica cego naquele dia e inicia uma rotina na qual repassa as percepções e sensações daquela tarde, tentando compreender melhor o que ocorrera. A narrativa é um belo mosaico de acontecimentos que conduz o leitor a caminhos cheios de reviravoltas.
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