O que os professores de Escrita Criativa falam sobre Escrita Criativa
 



Dica de Escrita

O que os professores de Escrita Criativa falam sobre Escrita Criativa

entrevista com Katia Regina Souza


"O que é um texto de qualidade?", "Como transformar a ideia bruta em história?", "Como funciona o processo criativo?", "O que muda de acordo com o público-alvo?". E, talvez a mais angustiante delas, "Como se manter criativo e evitar bloqueios?". Estas e muitas outras perguntas foram respondidas por 19 escritores para o livro de Kátia Regina Souza “Questões Fundamentais da Escrita Criativa” que será lançado em novembro, na Feira do Livro de Porto Alegre.

Autores como Luiz Antonio de Assis Brasil, Luiz Rufatto, Valesca de Assis e Carol Bensimon responderam as dúvidas que paralisam ou angustiam todos os autores, sejam eles iniciantes ou muito experientes.

Kátia Regina Souza é jornalista, escritora, revisora e tradutora. É autora do livro “A Fantástica Jornada do Escritor no Brasil”, para o qual entrevistou 52 escritores de literatura fantástica brasileiros dispostos a compartilhar conselhos, dicas, dores e conquistas.

Para saber um pouco mais sobre o seu livro, realizamos esta entrevista com a escritora que nos conta qual foi o seu ponto de partida e destaca as principais dicas passadas pelos escritores com quem conversou.

Qual foi o teu ponto de partida para fazer o projeto do livro “Questões Fundamentais da Escrita Criativa”?

Queria ajudar a responder às perguntas que se repetem entre autores iniciantes (e mesmo entre aqueles mais experientes). São questionamentos que todos fazemos para os quais não há respostas definitivas, e sim muitos modos de fazer.

Como foi o processo de escolha dos autores?

Procurei por especialistas em diversas áreas. O foco é em quem trabalha com literatura, mas também temos entrevistados do cinema, jornalismo, histórias em quadrinhos, jogos, publicidade, música, etc.

Você acha que seu livro atinge o público de escritores iniciantes, experientes ou ambos? As dúvidas deles são parecidas?

Ambos. Justamente pela variedade de entrevistados, acredito que o livro contemple um público amplo. Afinal, temos escritores, roteiristas, músicos e outros profissionais premiados em suas respectivas áreas abordando a temática da escrita criativa. Logo, mesmo os escritores mais experientes têm o que aproveitar dos conselhos dados.

Para você, qual a melhor dica para se manter criativo e evitar bloqueios?

Sair de casa, vivenciar novas situações, conversar com pessoas diferentes. Pequenas alterações na sua rotina já são suficientes. E, mais do que tudo, não depender de inspiração para começar a escrever. Quem escreve não está sempre inspirado; pare quieto e sente diante da página em branco. Com o tempo, algo surgirá.

Você já havia publicado “A Fantástica Jornada do Escritor no Brasil” com uma proposta semelhante de conversar com escritores. Em que medida este livro dialoga com o anterior?

As duas obras têm o mesmo formato e foram pensadas com a mesma intenção: auxiliar quem escreve e se sente perdido. Enquanto o primeiro livro fala mais sobre o mercado editorial, este foca no processo criativo.

Da conversa que você teve com os escritores Luiz Antonio de Assis Brasil, Luiz Rufatto, Valesca de Assis e Carol Bensimon, destaque uma dica de cada um deles para passar aos escritores iniciantes.

Em certo momento da entrevista, Assis falou da origem emocional dos bloqueios, o que achei interessante. Ou seja, se você se sente bloqueado, deve buscar a origem do problema: será que a sua história não desperta sentimentos com os quais você não está pronto para lidar?

De Luiz Rufatto, é a visão da escrita como um trabalho, igual a qualquer outro. Pode parecer meio enfadonho, mas temos a mania de pensar na escrita criativa como uma atividade um tanto etérea; acreditar em musas e inspirações externas a nós. Contudo, quem pensa assim nunca conseguirá levar tal atividade para além do hobbie, pois é impossível escrever de modo sustentável se você sempre depende de inspiração.

Já de Valesca de Assis, as dicas de escrita para o público jovem foram as que mais chamaram a minha atenção. É relevante nos atentarmos ao fato de que não podemos subestimar o leitor de literatura infantil e juvenil. Há quem pense que escrever para esse nicho é mais fácil, mas é o contrário.

Com Carol Bensimon, aprendemos a importância da pesquisa. Antes de escrever, ela tem um período de imersão no local onde pretende situar sua obra. Ao lermos seus livros, conseguimos sentir como se estivéssemos lá, o que só é possível por meio da pesquisa apurada da autora.

De modo geral, você está otimista em relação ao mercado editorial para novos autores?

Sabe-se que o setor editorial está em crise. Porém, para quem está começando, há hoje formas variadas de alcançar seu público. Além das editoras de pequeno porte, que aceitam publicar iniciantes, temos agora plataformas que facilitam a autopublicação, como a Amazon. Com um pouco de criatividade, é possível, sim, se inserir no mercado.

 

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