- Ô, pai?
- Quê, filho?
- Não vai chover, domingo, vai?
- Ah, não sei, filho. Não sei.
- E se chover? Não vamos ao parque, pai, se chover?
- ...
- Ô pai, quantos anos tem o Sansão?
- Acho que tem uns sete anos.
- Bah, pai. Ele é mais velho do que eu?
- Sim. É sim. Sim...
- Ô pai? O Sansão vai morrer um dia?
- Sim, filho. Todos morreremos um dia.
- Um dia? Como um dia, pai? O mano já morreu há muitos anos? Como um dia?
- Filho, um dia, quero dizer numa data. Um dia desses todo mundo pode morrer.
- Ô pai? Mas o Sansão vai morrer antes de mim?
- Sim. Acho que sim. Os cachorros duram bem menos do que as pessoas.
- Mas o mano viveu só um aninho?
- A gente pode morrer, filho, pequenino, jovem, adulto ou velhinho. Até mesmo antes de nascer.
- Antes de nascer, pai? Mas como, pai, antes de nascer?
- Ah, filho. É assim que é a vida.
- Mas, pai, o que é assim? Pai!
- Pô, filho, dá um tempo...Tu parece um filósofo?
- Ô pai? Ô pai?
- Sim? Sim?
- Mas, o que é um fisól... um filósofo, pai?
- ...
- Pai?
- ...
- ?
- ...
- Ô pai!
***
Luis Antônio Franckowiak Pokorski é psicanalista pelo CPRS e professor. É graduado em Filosofia. Tem especialização em Administração Educacional, Sociologia e Pedagogia Inaciana. É doutorando em Psicologia Social pela Universidad Argentina John F. Kennedy - UFK. Participa do
Curso Livre de Formação de Escritores da Editora Metamorfose.
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