Dicas
A escrita de roteiros
entrevista com Arthur Menezes de Jesus e Guilherme Petry
Quando pensamos em escrita, logo pensamos em narrativas longas, contos, livros de não-ficção... Mas e os roteiros? Para que servem? O que são, exatamente? Na breve entrevista a seguir, com Arthur Menezes de Jesus e Guilherme Petry, descobrimos um pouco sobre a definição, função e algumas características dos roteiros.
Arthur e Guilherme são jornalistas formados pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e trabalham, há mais de cinco anos, com a escrita e produção de roteiros audiovisuais. Já realizaram projetos de dramaturgia para os canais GNT, Futura e Gloob, além de desenvolverem diversos conteúdos para empresas e instituições públicas. Atualmente, trabalham na Universidade La Salle, quando desenvolveram e implementaram um novo modelo de videoaulas da instituição, fortalecendo conceitos como storytelling e metodologias ativas. Em 2018, criaram a websérie Dupla de Dois, que já atingiu 125 mil visualizações no YouTube, tornando-se a maior websérie universitária do Brasil.
Escrita Criativa: O que é, exatamente, um roteiro? Para que ele serve?
Arthur Menezes de Jesus e Guilherme Petry: Um roteiro é um plano, um passo a passo. Nesse sentido mais amplo, ele serve para quase qualquer coisa. Ainda que um atalho mental nos leve ao trabalho de um roteirista de ficção, que escreve com um cigarro na boca e um copo de whisky na mão, pensamos o roteiro como sua função primeira, guardando suas características anteriores. Para ilustrar, é sempre conveniente lembrar do roteiro de viagem. Feito de maneira meticulosa, ele antecipa as situações que vão se desenrolar, trazendo detalhes úteis e projetando o caminho como um todo. No caso do roteiro dramatúrgico, não é assim tão diferente. Ele serve para apontar a estrada a trilhar, lembrando de cada pausa para comer e dormir.
EC: Qual a principal característica da escrita para roteiro?
Arthur e Guilherme: Em Nasce uma Estrela (um ótimo roteiro, aliás), Bobby Maine, empresário e irmão mais velho de Jackson, fala a Ally sobre a visão do irmão com relação à música: são sempre formas diferentes de contar a mesma história. Nesse caso, a conversa era sobre a limitação das notas. No caso do roteiro, a analogia também fica: são os velhos três atos, que todos usam, mas sempre de um novo jeito. Ou seja, a principal característica na escrita de um roteiro é a capacidade de reinventar. É a pretensão de fazer algo extremamente inovador usando métodos consagrados.
EC: O que é storyline?
Arthuer e Guilherme: Seja qual for o tipo de escrita, é sempre recomendável começar por uma síntese. No caso do roteiro, não é diferente. O storyline é a linha da história, o fio condutor. Assim sendo, deve ser simples e resumido. Um bom exercício para conhecer melhor essa parte da produção é tentar definir em um tweet aquele filme que você adora, explicitando o conflito que permeia a obra.
EC: Para escrever um bom roteiro é necessário ser bom na escrita de diálogos e em descrições?
Arthur e Guilherme: O mundo muda, mas o que importa segue sendo a mesma coisa: de Dostoiévski a Jojo Moyes, as pessoas se interessam pelas relações humanas. E o diálogo é a máxima expressão de como isso se dá, então, ele é fundamental. No caso específico do roteiro, é um aspecto importante também na construção do ritmo da narrativa, do tom que ela assume. Já as descrições, pode-se dizer, colocam um roteiro em seu patamar. A riqueza de detalhes é crucial para que a história não se perca em uma simplicidade rasteira.
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