Poesias
Eupatia Popular
Olive Laiff
Tinha boca pra ir a Roma
Se fosse devagar, iria longe
Mas ia com pressa imperfeita
E mal acompanhada
Havia caído na rede como um peixe
Mas não dizia com quem andava
Para que não soubessem quem ela era
Enganava com sua aparência
Dava a César, o que era de César
Era dando, que recebia
Parecia bonito o feio que amava
Sabia que o cão ladrava mas não mordia
Morava na casa da mãe Joana
E se inglês olhasse,
Veria que era tudo feito nas coxas
Feito de pau, como na casa do ferreiro
Enquanto a grama do vizinho, mais verde nascia
Comia cru e quente
Pois sempre tinha pressa
Brincava com fogo e se queimava
Observava os gatos pardos que saiam a noite
Mas ficava no seu galho
Escutava a voz do povo
E pensava ser a voz de Deus
Meia palavra lhe bastava
Madrugava, mas ninguém ajudava
Não havia pedra que furasse
Por mais que a água batesse
Nada podia, então se sacodia
Cantava p ra espantar seus males
Tudo que era bom, durava pouco
Nunca ria por último
A boca que tinha, não iria à Roma
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