Poesias
Gestação
Serafina Ferreira Machado
Quando roubaram minha história
no passado
Comecei a gestar este grito
que agora escutas.
Quando arrombaram minha casa
desde o passado
fiquei grávida de desejos
de justiça.
Quando invadiram nossas terras
fizeram buracos em nossa dignidade
fecundaram indiferença
regaram-na com nosso vermelho sangue
e com seu sêmen de branca violência.
Que rosto terá este filho?
Não terá olhos azuis-coloniais
Ou pele branco-patriarcal
Será um legitimo Soul,
NEGRO costurado com revolta e dor.
Meu grito fe(i)to-filho age
rebela-se, levanta-se dentro de mim
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