Diálogos
 



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Nando Pradho




- Certas palavras podem ser medidas, filha – retrucou.

- Não é facil ouvir o que as pessoas pensam de você o tempo todo e não fazer nada, pai.

- Por que você se importa tanto com a opinião dos outros?

- Porque é exatamente como eu penso também. Qual é o ponto na sua relação com a Julia que você acha normal? Os vinte anos a mais que você tem, os vinte centímetros a mais que ela tem ou o fato de ela ser filha da sua ex-amante. Ninguém entende. Todo mundo pensa que você quer se vingar da mãe dela por algum motivo muito forte!

- Ficar com a filha dela pra se vingar? Quem faria isso? A resposta é tão simples que nem vale a pena tentar fazer as pessoas entenderem; Você se envolve com quem está por perto.

- Isso é óbvio! A mamãe foi sua professora, a Clara sua empregada. E a Julia, filha da empregada. E agora, quem será a proxima? Ah.. Já sei! A dentista da Julia. Pai, onde isso vai parar?

- Filha, quando você crescer, vai entender que as relações humanas não são tão simples assim. Aí você vai poder escolher entre dois caminhos: seguir o que o seu coração manda ou se enquadrar dentro das expectativas dos outros fingindo que está tudo bem.

- Você realmente não me conhece, pai. Fala com tanta propriedade das relações humanas e não conhece a própria filha. Acha que eu não entendo o que você diz e me trata como se eu ainda tivesse 12 anos de idade.

- Mas, filha... Se você entende o que eu digo e não tem essa cabeça fechada das pessoas, então qual é o problema?

- Se você é tão “cabeça aberta” pai, aqui vai: eu estava namorando a Julia e ela me pegou com outra. Agora ela só está com você para se vingar de mim.

 

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