Tem gente que faz piada o tempo inteiro. Tem gente que acorda feliz na segunda-feira às seis da manhã para ir trabalhar. Tem gente que faz piada até em velório. Tem gente que nos alegra com um simples sorriso. Tem gente que tem a risada tão engraçada que a gente ri junto. Tem gente, como eu, que simplesmente não consegue imaginar a vida sem humor. Mas e se o mundo de repente fosse um lugar privado de humor, de comédia e de riso? Vamos tentar imaginar...
Por incrível que pareça, o mundo sem humor teria algumas vantagens sobre o mundo como é hoje. As pausas no trabalho para fazer piadas e comentários engraçadinhos cessariam, e seríamos ainda mais produtivos. Nos livraríamos desse humor inconveniente que nem chega a ser humor, formado por piadas racistas e preconceituosas. As loiras, as sogras e os portugueses voltariam a ser apenas loiras, sogras e portugueses. Também não teríamos o humor chato: seria o fim da sequência de piadas de pontinhos, das quais rimos por pena, e o humor de borracharia sumiria por baixo dos pneus, envergonhado e cheio de graxa.
Mas as vantagens param por aí. O mundo sem humor seria pesado, quase robótico. Mas o mundo como está já não é quase robótico? Imagine se não tivesse humor! O humor deixa nossa vida mais leve e relaxada. Homens e mulheres valorizam parceiros bem-humorados, e o humor virou arma de sedução. Sem humor, basearíamos os relacionamentos unicamente em aspectos como beleza e status. As academias, as clínicas estéticas e as revendas de carros de luxo lucrariam como nunca, pois alguém sempre sai ganhando.
O humor bem-feito é uma das melhores demonstrações de inteligência do ser humano. Para fazer humor de verdade, é preciso pensar muitas vezes pensar rápido para surpreender, para não perder o tempo ou, pior, para não ter que explicar a piada. Uma boa ironia vale mais do que uma explicação: para bom entendedor, meia palavra basta. E falando em palavras, o quanto perderíamos sem os jogos de palavras, os trocadilhos, as trovas, as paródias... Boa parte do nosso cérebro deixaria de funcionar, viraria um mero funcionário.
Pois é. Sem humor não dá para viver. Vamos usar o humor enquanto o temos, enquanto não o tiram de nós. Vamos usá-lo com moderação para que não vire incomodação. Vamos usá-lo com inteligência para que não pareça displicência. Vamos usá-lo com amor para que não vire um tumor.
Sem humor, o mundo seria tão sem graça quanto um suflê de chuchu. Ou este texto.