Escrevivências, termo cunhado por Conceição Evaristo, muitas vezes se confunde com o termo que está em alta: autoficção. Mas eles são diferentes.
A autoficção, como o próprio nome sugere, é uma ficção que a pessoa faz sobre a sua própria história, mesclando o que faz sentido manter da realidade e o que é mais interessante ser ocupado pelo fictício. Já a escrevivência não precisa, embora possa, contar uma história que realmente aconteceu. A história pode ser toda inventada, os personagens também, o importante é que o tema represente e denuncie o que um coletivo passa, como violência de gênero, racismo, homofobia. A autoficção não engloba isso, pode ser qualquer história sobre si que o autor queira ficcionalizar.
O termo escrevivências se originou sendo pensado na escrita de mulheres negras sobre as suas vivências - não necessariamente suas histórias -, mas, segundo Conceição, qualquer pessoa pode produzir escrevivência. E a escrevivência também não precisa ser em formato de texto, pode ser uma pintura, um bordado.
Dicas para produzir escrevivências
- É preciso saber o que estamos denunciando. A escrevivência, seja ela em qual formato for, precisa ter o cunho denunciativo, de dar voz para realidades muitas vezes silenciadas.
- Lembrar que nenhuma parte da narrativa precisa ter acontecido de fato, embora possa. A história pode ser inventada, os personagens também, o importante é que o tema tratado seja real e denuncie uma vivência do autor e também coletiva, como racismo, homofobia, violência de gênero, desastres naturais.
- Você pode escrever no formato de ficção ou no formato de relato, a escrevivência não exige o formato ficcional. Assim como não exige o formato texto, pode ser uma pintura, uma música, um bordado.
- É importante escolher um recorte para contar. A vida inteira não cabe em um texto.
- É interessante conversar com outras pessoas que passam pela mesma vivência para ampliar nosso olhar na hora de produzir a escrevivência.
