Audiobooks: vale a pena investir?
 



Dica de Escrita

Audiobooks: vale a pena investir?

Tainá Rios


Nos últimos anos, os audiobooks conquistaram um espaço significativo no mercado literário. Com a rotina agitada, muitas pessoas encontraram neste recurso da história falada uma alternativa para continuar consumindo livros.




Os audiobooks são livros em formato de áudio, narrados por um profissional ou até mesmo pelo próprio autor. Esse modelo é disponibilizado em diversos formatos digitais, como MP3, M4A e WAV, podendo ser acessado por aplicativos de streaming, plataformas de audiobooks e serviços de assinatura. No Brasil, as plataformas mais acessadas são Audible e Spotify.

Como principal característica está a praticidade, assim permitindo que qualquer história seja consumida em diversas situações, como no trânsito, na academia , nos momentos de relaxamento e organização da casa. Esse formato atende um público bem diversificado, pois além das pessoas que afirmam não ter tempo para leituras em livros físicos ou e-books, o audiobook é uma alternativa literária para as pessoas com dificuldade de leitura, como disléxicos, indivíduos com baixa visão e deficientes visuais. Também há estudantes de idiomas, que podem aprimorar a pronúncia ouvindo conteúdos em outras línguas.

"Por mais que as pessoas gostem de ler, o tempo virou algo precioso. Então, quando você está indo para o trabalho, demora de 50 a 40 minutos e não consegue ler. Para quem está dirigindo, o audiobook é uma coisa que otimiza tempo e é uma forma alternativa. É uma grande oportunidade, não só de ter uma forma extra de divulgação do livro, mas também uma conexão a mais com os leitores", explica Daniela Erthal, publicitária, dubladora e narradora de audiolivros.

Mas afinal, vale a pena investir em audiobooks? Esse artigo tem a intenção de explorar mais sobre essa tendência e entender seu potencial de crescimento.

O mercado de audiobooks


O setor de audiobooks se tornou um mercado em expansão, pois cresce à medida que as tecnologias ocupam mais espaço na vida dos consumidores. O público que utiliza esse produto está entre 25 a 40 anos, tendo autoajuda, ficção e negócios, como os gêneros mais populares.

De acordo com a Câmara Brasileira do Livro,12% dos 13 mil títulos digitais lançados em 2022 eram audiobooks. Esse crescimento atraiu o interesse de grandes empresas. Desde 2018, surgiram ferramentas focadas na produção e distribuição de histórias narradas. As mais conhecidas são: Ubook, Storytel, Skeelo e Tocalivros. Em 2023, a Amazon trouxe sua plataforma Audible para o Brasil, que possui cerca de 100 mil audiobooks disponíveis, sendo 4 mil em português. O Spotify, que recentemente anunciou sua entrada nesse mercado, investiu na aquisição da Findaway, uma das maiores distribuidoras de audiolivros. A estratégia é ampliar o portfólio e explorar esse segmento promissor.

Há cinco anos, a Editora Sextante precisou movimentar a própria equipe para criar produtos literários em áudio. Somente no ano de 2024, a empresa superou a marca de 500 audiolivros produzidos, tornando-se a editora com o maior catálogo do Brasil.

São mais de 4.800 horas de conteúdo divididos entre os títulos de ficção e não ficção disponíveis na plataforma Audible. De acordo com a coordenadora de audiolivros, foi a chegada da plataforma que motivou o investimento. Entre um dos fatores estava estimular a imaginação. A experiência se torna ainda mais agradável quando a voz do narrador é adequada para aquele livro, juntamente com a oportunidade de descansar os olhos, pois muitos reclamam da excessiva quantidade do uso de aparelhos e telas depois da pandemia de Covid-19.


A produção do audiobook


Um exemplo de sucesso de uma produção de livro em áudio é a narração da autobiografia da atriz Viola Davis com o título "Finding Me" (tradução livre "Em Busca de Mim"), que foi o grande vencedor do Grammy de Melhor Audiobook de 2023.

Para garantir a boa experiência dos ouvintes, é necessário um trabalho técnico e cuidadoso, que inclui uma gravação de qualidade com microfones profissionais e edição bem feita e narradores que precisam saber dosar o tom de voz criando um envolvimento com a história. Os audiobooks também exigem ajustes no texto original para se adequar à narrativa em áudio, incluindo pausas estratégicas e trilhas sonoras. Daniela Erthal explica que o roteiro no audiobook serve como um guia para a construção das cenas. Ajuda a direcionar o narrador no ritmo das cenas e na escolha da entonação de voz para cada personagem. Daniela, profissional que investe nesse mercado, dá um conselho: "faça a narração do seu próprio livro, pois ajuda a se aproximar dos leitores".

"Hoje, nós temos cada vez mais brasileiros lendo, então, quanto mais portas você abrir para a literatura, melhor. Tem uma coisa que eu aprendi na escrita: a gente acha que na vida de escritor o trabalho principal é escrever, mas essa é só uma parcela porque tem toda uma estrutura de narrativa e psicologia. Claro que a leitura é fundamental para a aprendizagem, mas você também consegue aprender ouvindo", afirma Daniela Erthal.

Seja para incentivar o acesso às obras literárias, engajar consumidores ou ampliar o alcance de um conteúdo, os audiobooks estão cada vez mais presentes no dia a dia dos brasileiros. Ao longo desse texto percebemos que esse mercado é uma excelente oportunidade de negócio, especialmente para escritores, editoras e empresas que desejam inovar em suas estratégias de marketing, já que o produto segue em ascensão.

 

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