Esporte e escrita fizeram parte da minha vida desde muito cedo, dividindo sempre meu tempo e minha criatividade. Aos quatro anos comecei a nadar, aos seis a ler Gibis e livros curtos. Logo depois me aventurei no mundo do tênis, enquanto produzia jornais para meus colegas de escola com textos sobre as fofocas da classe, joguinhos e imagens para colorir. Na adolescência tive duas paixões: a escrita de crônicas e as modalidades de esporte competitivos da escola.
Lembro até hoje do meu professor de química do ensino médio, dando o típico sermão antes do terceirão começar: "esse ano vocês podem esquecer todos os seus hobbies, nada de festinha, academia, joguinho de fim de semana, cinema. Agora a coisa ficou séria e, se vocês quiserem passar em uma universidade pública, o lema é: estudar, estudar e estudar." Enquanto ele falava, eu estava escrevendo um conto no fundo da sala, dividindo minha atenção entre as moléculas que apareciam na lousa e o mundo imaginário de algum personagem recém-criado. Foi nesse mesmo ano que aumentei meus treinos de tênis e fui chamada para participar do time nos jogos regionais, uma conquista pessoal sem tamanho para mim.
O Derval estava certo: não passei em nenhuma universidade pública, nem na particular que eu queria. Entrei em jornalismo em uma Universidade que não me apeteceu, participei dos jogos universitários no fim do ano e larguei o curso. Voltei para o cursinho no ano seguinte, mantive a prática esportiva e meu hiato na escrita começou. No final do ano passei em cinco universidades públicas para o curso de letras e ingressei na Unicamp. Durante os cinco anos de licenciatura escrevi trabalhos acadêmicos e participei em grupos políticos, mas a escrita criativa ficou de lado até o fim do mestrado em 2022, quando já não morava mais no Brasil. Por outro lado, o esporte se tornou cada vez mais importante, consumindo horas dos meus finais de semana.
A vida adulta trouxe outros desafios e sempre parecia que meus desejos não cabiam no tempo livre que me restava. Eu não queria deixar de treinar para escrever, mas a vontade de escrever também não me deixava em paz durante os treinos. A culpa de não dar voz à criatividade só crescia e eu entendi que era hora de resgatar algo que sempre me trouxe alívio: a escrita informal, como meio de comunicação, mas recheada de criatividade.
Foi assim, que junto com os treinos de Triathlon em Setembro de 2024, percebi a necessidade de dar vazão à criatividade. As inseguranças de iniciar um esporte que precisa de tanta dedicação, combinado com a falta de tempo para escrever ficção, mas a necessidade da escrita para alívio do estresse e ansiedade me levaram a criar uma newsletter sobre o que significa ser uma atleta amadora.
A newsletter "Atleta em construção", disponível no Substack, vem como meio de tirar o peso mental do atleta amador, que muitas vezes se sente sozinho, frustrado e pressionado. Lá, abordo temas como a importância da comunidade no esporte, sustentabilidade, o que significa ser atleta para mim e os perrengues de se começar um esporte depois de adulto.
Num mundo em que vemos todos os dias nas mídias sociais pessoas sendo excelentes e gastando muitas horas por dia para perrformar quase como um profissinal nos esportes, a ideia principal dos textos é mostrar que o esporte pode ser leve. A escrita me ajuda também a colocar em perspectiva a minha prática diária, me lembra que eu não preciso ser rápida, nem ter uma técnica perfeita, mas posso (e devo) me divertir e me construir ao longo do tempo.
As edições são mensais e os textos são leves, a partir de uma perspectiva pessoal. Divido também casos meus e dos meus amigos de jornada. Pretendo, no futuro, poder fazer da newsletter um ambiente descontráido, no qual os leitores possam contribuir com histórias, dicas e entrevistas.
Se você se interessou e gostaria de saber mais sobre a newsletter e sobre mim, o link para assinar no substack é esse aqui:
https://substack.com/@atletaemconstruo, você também me acha no Instagram da newsletter
https://www.instagram.com/construirseatleta, e no meu instagram pessoal
https://www.instagram.com/luanaepizzi.
Espero muito encher essse espaço virtual de histórias reais, acolhimento e construção coletiva. Bora conversar.
