Mangueira
 



Minicontos

Mangueira

Humberto


A mochilinha preta é jogada ao chão de capim seco margeado por asfalto nos dois lados. Ele, com o pescoço arqueado para cima, observa atentamente por algum tempo. Os carros passam incessantemente abruptos; buzinas, xingamentos, escapamento furado, nada de olhar pros lados, olhar fixo no céu verde. Súbito dá dois passos saltitantes, abaixa, apanha uma pedra, arqueia a vista para cima novamente, mira, atira uma, duas, três vezes, na quarta a manga cai. Limpa a fruta na camisa cinza padrão da escola estadual, faz um buraquinho com os dentes, abaixa uma segunda vez, pega a mochilinha preta, veste nas costas suadas e desaparece no horizonte monótono de concreto, aço e tédio.

 

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